sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Normal


Ela era aparentemente normal, sorria e saía com os amigos. Tinha praticamente tudo o que precisava. Não era feia, tinha bom gosto, tinha quem gostasse dela, quem achasse graça do que ela falava e até algumas pessoas que diziam que a amavam.
Não obstante, sentia-se vazia. Ela não se sentia completa em nada que fazia, nunca foi realmente boa em algum esporte e apesar das boas notas, nunca passou de uma aluna mediana. Não sabia tocar nenhum instrumento, fazia um curso de uma área contrária do que ela imaginou durante toda a vida, mas possuía determinação para continuar, mesmo não sabendo mais do que ela gostava (talvez por isso a determinação).
Não acreditava no amor, não chorava na frente dos amigos, não contava seus problemas, não julgava pela aparência, não conseguia ficar com raiva por muito tempo.
Ela achava bonito quem tinha uma relação íntima com a família, mas quase não tinha contato até com seus parentes mais diretos. Ela quase não se lembrava da sua infância e viveu péssimos momentos na adolescência, porém continuava acreditando que as coisas poderiam mudar.
Ela também achava que podia mudar o mundo, mas ao mesmo tempo não conseguia nem organizar a bagunça do seu quarto. Importava-se mais com a inteligência do que com a beleza. Gostava mais de estar perto do que numa balada.
Ela tinha pressa e não compreendia pra quê continuar vivendo, se não estava sendo útil em sentido algum. Chegou um momento que ela se sentiu sufocada por todos os sentimentos reprimidos, por todos os choros escondidos, pela sensação de não conseguir alcançar seus objetivos. Então largou tudo, morreu voando. Sentiu 3 segundos de felicidade e chegou ao fim.

2 comentários:

Mariana Leite disse...

Muito lindo mesmo, Vaz!!!
Meus olhos se encheram com as mais sinceras lágrimas!
Adoro você!
:*

Critical Watcher disse...

Eu cheguei a suspirar com os "três segundos de felicidade". Caramba, esse final, hein? Você é magnífica. Adoro ler-te.