quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Quando ninguém está por perto


Parados estavam eles naquele banquinho da praça a admirar a velocidade com que aquelas pessoas caminhavam ali; não olhavam sequer ao lado, criando um submundo voltado pra sua própria realidade.

Entreolharam-se por um milésimo de segundo, mas preferiram manter o silêncio. Pareciam estar presos em sua própria realidade, já não havia mais ruído, já não havia mais pessoas. Só restavam pensamentos.

E mesmo diante daquele grau de contato íntimo com o seu próprio eu, cada um deles fazia dos olhares que sobrevinham uma forma de encontrar o caminho do outro. E a taciturnidade ainda reinava naqueles gestos tão delicados.

Qual será o melhor caminho a seguir? Perguntavam-se.
As dúvidas pareciam gritar em suas cabeças e ao mesmo tempo, o coração palpitava cada vez mais rápido, cada vez mais confuso.

A verdade é que eles dois tinham muitos pensamentos em comum, mas de que adiantava? O medo sempre se tornava vilão da situação e apoderava-se de qualquer tentativa de fuga ou subterfúgio. No entanto, a força dos dois veio à tona. Encararam suas dúvidas e receios com o coração valente e aberto.

Não havia mais tempo para procrastinar. Era tarde e o tempo parecia passar cada vez mais rápido. Em medidas assustadoras, eles viram suas vidas passarem em um segundo. Será que tinha valido a pena? Era hora de seguir em frente.

Ele deu sua mão pra ela, fazendo-a segurar fortemente. Ela, sorrindo, apertou ainda com mais força. Não falaram nada e, olhando para o horizonte, começaram a correr sem descanso. Nada fazia mais sentido parar ali. Incansavelmente, por dias e noites, estavam os dois contornando a mecânica falha de seus corpos.

E entre tantas pessoas que antes ali estavam, entre tantos bancos, tantas praças, eles se encontraram. Estranhos e unidos, somente pela vida.

Por: Monick Vasconcelos e Vicente Freitas.

sábado, 25 de outubro de 2008

Tudo é vazio.


Desde pequenos nós escutamos que há alguém que nos complete, a metade da laranja, um chinelo velho para um pé torto...E nos acostumamos com a idéia. Então logo percebemos que se alguém vai nos completar é porque está nos faltando algo, não aceitamos ser incompletos e passamos a vida inteira buscando uma pessoa que não existe. E a vida torna-se vazia.

No auge da solidão as pessoas bebem e acham que vão poder se libertar de tudo o que sentem e que serão mais felizes enquanto estiverem bêbadas, mas o efeito passa... E a vida... Bem, a vida torna-se vazia.

Sair com os amigos, rir bastante, falar coisas fúteis, mas não ter espaço para falar o que realmente você sente. E a vida torna-se vazia.

Ir para uma festa, beijar pessoas que você nunca viu e que nem sabe o nome, sem a expectativa de aprendê-lo ou de reencontrar essa pessoa. É, a vida torna-se vazia.

E a vida vai tornando-se mais vazia aos poucos, talvez a gente nem perceba. E por não percebermos, a vida vai desaparecendo nela mesma.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

E você senta... E pensa, e age como se fosse chorar.
Olha o mundo ao redor e se sente perdido, vazio.
Aquele momento era para ser só seu, mas são tantas coisas
para pensar! E você se desespera, espera, espera.
Algumas coisas simplesmente não saem da sua cabeça. Coisas
que você pensava já ter superado, certezas que não valem mais nada.
E mais uma vez lá está você, completamente perdido.
Você sua, seus olhos ardem, sua garganta sente o nó de um choro
preso, mas você não vai deixá-lo fugir.
Então você abaixa a cabeça e lembra... Lembra de como sempre teve o controle,
lembra o quanto algumas situações pareciam intermináveis, lembra o quanto
você já sofreu. E volta ao presente, e pensa. Será que o motivo da minha angústia
vale a pena? E se a situação fosse contrária, estariam aqui pensando em mim?
Mas sua razão cala. E você chora. Chora porque chora, chora porque não encontra
solução, chora porque não sabe qual é o melhor caminho a seguir.
E como num impulso você levanta, caminha sem saber para onde nem para quê,
lamenta-se por mais um instante e volta como se nada tivesse acontecido.